domingo, 5 de julho de 2015

As vozes são mansas e aveludadas, há proximidade







Um dia gélido, do jeitinho que eu gosto carregado de aconchego.

Os dias frios ornam nossas lembranças, nos fazem mais reflexivos, reclusos as casas, familiares, amigos íntimos, nos dão identidade.
Saboreamos lentamente as noites, os dias, as conversas são mais próximas, o olho enxerga o outro olho. As vozes são mansas e aveludadas, há proximidade. As pessoas em (re) união tecem vários conceitos sobre paradigmas, fatos do cotidiano e de cunho pessoal, ali na conversa valorosa que o frio acalenta e instiga.
 









A noite cai cedo e traz  a escuridão junto do minuano que varreu ruas durante o dia e agora entoa a canção que nina a gauchada, forte, como os valentes que resistiram a mais um dia de trabalho e retornam as casas de cabeça tesa cheios de valor para dar exemplo a gurizada. A guaiaca, bom...   Esta anda meio vazia, mas taura que é taura acredita na força do trabalho, na honra da conquista, no Pai Velho e que fazendo a sua parte os ventos vão mudar.
A cada amanhecer gelado aqui pelas bandas do sul revitalizamos nossa cultura e nossa receptividade, tendo sempre um alimento quente a oferecer que pode estar no braseiro, fogo de chão, fogão a lenha ou lareira, não importa. Aqui adaptamos braseiros para aquecer água para o chimarrão, colocamos pequenas grades nas lareiras e uma panela de ferro e logo sai algo para convidar quem chega. E assim revigorar as forças.
O importante é manter o calor externo e interno. O do corpo e do coração.
Karem Medeiros
E a cada estação fria eu revigoro minhas lembranças, de conversas preciosas em torno de pessoas valorosas que fazem parte da minha história e estás imagens me são mágicas. Espero a cada frio no sul ansiosamente, como a Bibiana Terra esperava seu Capitão Rodrigo, na obra de Veríssimo.  Karem Medeiros    




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