Um dia gélido, do jeitinho que
eu gosto carregado de aconchego.
Os dias frios ornam nossas
lembranças, nos fazem mais reflexivos, reclusos as casas, familiares, amigos
íntimos, nos dão identidade.
Saboreamos lentamente as
noites, os dias, as conversas são mais próximas, o olho enxerga o outro olho. As
vozes são mansas e aveludadas, há proximidade. As pessoas em (re) união tecem vários
conceitos sobre paradigmas, fatos do cotidiano e de cunho pessoal, ali na
conversa valorosa que o frio acalenta e instiga.
A noite cai cedo e traz a escuridão junto do minuano que varreu ruas durante o dia e agora entoa a
canção que nina a gauchada, forte, como os valentes que resistiram a mais um
dia de trabalho e retornam as casas de cabeça tesa cheios de valor para dar
exemplo a gurizada. A guaiaca, bom... Esta anda meio vazia, mas taura que é taura acredita
na força do trabalho, na honra da conquista, no Pai Velho e que fazendo a sua
parte os ventos vão mudar.
A cada amanhecer gelado aqui
pelas bandas do sul revitalizamos nossa cultura e nossa receptividade, tendo
sempre um alimento quente a oferecer que pode estar no braseiro, fogo de chão,
fogão a lenha ou lareira, não importa. Aqui adaptamos braseiros para aquecer
água para o chimarrão, colocamos pequenas grades nas lareiras e uma panela de
ferro e logo sai algo para convidar quem chega. E assim revigorar as forças.
O importante é manter o calor
externo e interno. O do corpo e do coração.
Karem Medeiros |
E a cada estação fria eu revigoro
minhas lembranças, de conversas preciosas em torno de pessoas valorosas que
fazem parte da minha história e estás imagens me são mágicas. Espero a cada frio
no sul ansiosamente, como a Bibiana Terra esperava seu Capitão Rodrigo, na obra
de Veríssimo. Karem Medeiros
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