quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Dias sem sol







                           

                          São especialmente belos para mim, faço um dos meus exercícios preferidos,  observo. E esse exercício fez com
que eu olhasse cada vez mais para dentro e algumas poucas vezes 
para fora.  Percebo quantas coisas não gosto como café frio, comida sem tempero, bebidas extremamente geladas, relações mornas, amizades por convenção, livros “sem história”, ausência de cores e sabores, música “sem letra”, “venha nós sempre e o vosso reino jamais”, fé sem respeito, certezas absolutas...   Percebo- me  um pouco mais... Entendo- me bem mais... Nessas visitas, a mim mesma descubro coisas que me aconchegam, me permitem uma felicidade pueril, um chimarrão bem cevado, uma conversa agradável olhando no olho, cozinhar e experimentar temperos e receitas, dividir um pouco do que adquiri de conhecimento durante minha trajetória com uma galera jovem na sala de aula, pintar despreocupadamente deixando a criatividade fluir, pensar e criar cada peça de biju com esmero, ler e viajar no texto proposto, escrever e às vezes me perder literalmente, ouvir boas músicas...
A ausência do sol faz com que a nitidez das minhas imperfeições apareça, por exemplo, nem sempre consigo  expressar com a mesma velocidade oral todas as palavras que meu cérebro processou, ou o faço em um ritmo acelerado... Como se cada palavra tivesse vida própria...  Isso sempre foi um problema...   Com o tempo  melhorou...     Mas a intenção aqui é a percepção da constante alteração que a vida nos propõe de conhecimento, a cada entendimento que tenho de mim, de minhas falhas e assertividades fica mais fácil entender o quanto é frágil nossa vivência e de que a cada passo podemos ter tudo alterado ou imortalizado é tudo uma questão de percepção e do
que realmente é importante. Podemos viver muito tempo sem ter grande significado e por pouco tempo viver algo de grande significância. A cada um (uma) cabe a observação real de si, de sua vida,  aproveite as nuvens, elas ajudam a ver além do sol.        Karem Medeiros


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