São especialmente
belos para mim, faço um dos meus exercícios preferidos, observo. E esse exercício fez com
que
eu olhasse cada vez mais para dentro e algumas poucas vezes para fora. Percebo quantas coisas não gosto como café
frio, comida sem tempero, bebidas extremamente geladas, relações mornas, amizades
por convenção, livros “sem história”, ausência de cores e sabores, música “sem
letra”, “venha nós sempre e o vosso reino jamais”, fé sem respeito, certezas
absolutas... Percebo- me um pouco mais... Entendo- me bem mais...
Nessas visitas, a mim mesma descubro coisas que me aconchegam, me permitem uma
felicidade pueril, um chimarrão bem cevado, uma conversa agradável olhando no
olho, cozinhar e experimentar temperos e receitas, dividir um pouco do que
adquiri de conhecimento durante minha trajetória com uma galera jovem na sala
de aula, pintar despreocupadamente deixando a criatividade fluir, pensar e
criar cada peça de biju com esmero, ler e viajar no texto proposto, escrever e às vezes me perder literalmente, ouvir boas músicas...
A ausência do sol faz com que a
nitidez das minhas imperfeições apareça, por exemplo, nem sempre consigo expressar com a mesma velocidade oral todas as palavras que meu cérebro
processou, ou o faço em um ritmo acelerado... Como se cada palavra tivesse vida
própria... Isso sempre foi um
problema... Com o tempo melhorou...
Mas a intenção aqui é a
percepção da constante alteração que a vida nos propõe de conhecimento, a cada
entendimento que tenho de mim, de minhas falhas e assertividades fica mais
fácil entender o quanto é frágil nossa vivência e de que a cada passo podemos
ter tudo alterado ou imortalizado é tudo uma questão de percepção e do
que
realmente é importante. Podemos viver muito tempo sem ter grande significado e
por pouco tempo viver algo de grande significância. A cada um (uma) cabe a
observação real de si, de sua vida, aproveite as nuvens, elas ajudam a ver além do
sol. Karem Medeiros
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