Desde
ontem o céu precipita seus sentimentos em pancadas de chuva vertiginosas ou garoas ensimesmadas nos tornando mais reflexivos e até
nostálgicos.
Eu me permito divagar olhando a garoa, sentindo o ar úmido em meu rosto e fico observando as cores dos guarda-chuva, o chuá das rodas apressadas nas poças que não escorreram pela impermeabilidade do asfalto.
Muitos transeuntes se protegem
das investidas do tempo como podem. As rotinas são acrescidas de um
adereço a saudade, de casa, de alguém, de um tempo, existe a necessidade de estar
aconchegado a um lugar determinante e “seu”.
Esse
lugar via de regra remete a vontade de cada um (a) pode ser ele real, ou imaginário, interno ou externo.
Em todos os
lugares, cantos que se anda fala-se em algum prato que cairia bem hoje ou bebida que traria esse
acalento que todos necessitam em doses menores ou maiores. É! Cada um traça
diariamente muitos planos, alguns realizáveis outros como a garoa, em breve
passaram. A conveniência de achar sempre um espaço seguro para regressar dentro de nossa mente e ao mesmo tempo fisicamente
é a proteção paradoxal ao sonho. Ambos necessários como o guarda-chuva ou a
capa, mas só nos lembramos deles quando
colocamos o pé fora da porta e sentimos as gotas pirimpilando em nosso rosto. Karem Medeiros
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