sexta-feira, 6 de junho de 2014

O céu precipita

 
                                       Desde ontem o céu precipita seus sentimentos em pancadas de chuva  vertiginosas ou garoas ensimesmadas  nos tornando mais reflexivos e até nostálgicos.


                             Eu me permito divagar olhando a garoa, sentindo o ar úmido em meu rosto e fico  observando as cores dos  guarda-chuva, o chuá das rodas apressadas nas poças que não escorreram pela impermeabilidade do asfalto.

                                 Muitos transeuntes  se protegem  das investidas do tempo como podem. As rotinas são acrescidas de um adereço a saudade, de casa, de alguém, de um tempo, existe a necessidade de estar aconchegado a um lugar determinante e “seu”.                 



                             Esse lugar via de regra  remete a vontade de cada um (a) pode ser ele real, ou imaginário, interno ou externo. 
Em todos os lugares, cantos que se anda fala-se em algum prato que cairia bem hoje ou bebida que traria esse acalento que todos necessitam em doses menores ou maiores. É! Cada um traça diariamente muitos planos, alguns realizáveis outros como a garoa, em breve passaram. A conveniência de achar sempre um espaço seguro para regressar  dentro de nossa mente e ao mesmo tempo fisicamente é a proteção paradoxal ao sonho. Ambos necessários como o guarda-chuva ou a capa, mas só nos lembramos  deles quando colocamos o pé fora da porta e sentimos as gotas  pirimpilando em nosso rosto.                                                               Karem Medeiros                                                        

                    

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