Hoje acordei Flamenco...
Hoje acordei Flamenco, apesar da ausência do sol.
Repentinamente, a guitarra flamenca aguçou meus sentidos e o cante
gritado e doído, me forçou a taconear...
Pego meu leque, olho-me no espelho e, como num passe de mágica, vejo
surgir uma rosa vermelha em meus cabelos castanhos.
Logo em seguida, a pálida tez fez-se boca carmim e um risco negro
delineou meus olhos.
Até então, sentia-me enclausurada dentro de mim mesma. Confinada em um
diminuto espaço de meu ser, mas paradoxalmente perdida na imensidão dos
meus devaneios, com inúmeras potencialidades inexploradas.
Não seria a verdadeira prisão, a que cultivamos em nosso interior?
Este claustro independe de paradigmas pré-estabelecidos ou mesmo de
consciências externas à nossa.
Cada ser humano tem a sua própria consciência, desperta ou adormecida. A
minha estava andando entre o sono e a vigília. Ela não se entregava ao
sono profundo e reparador, mas igualmente não emergia à inteireza do
despertar. Estava vivendo em um quase-estado-de-torpor... Nem aqui e nem
lá.
Seria o limbo assim? Pois parece que sim...
Acontece que quando se tem uma alma gitana (cigana), não há como se
conformar com os confinamentos que nos são impostos ou mesmo com a
auto-imposição da clausura.
Uma alma gitana tem necessidade de voar, tem necessidade de partir e de
voltar se assim desejar, tem necessidade de se expressar...
Ela não precisa de aplausos, nem de aprovações, ela apenas necessita
SER.
SER o que efetivamente É.
Sem paradigmas. Sem julgamentos. Sem valoração.
Apenas, SER... Sidamáya Bianchi Alcântara
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