Ao longo de nossa trajetória, vamos formando a
representação de nossa existência simbolicamente através de uma ou várias identificações, as vezes
elas são percebidas imediatamente outras vezes levam anos para serem notadas. São talhadas em nosso corpo, face, mente de formas diversas...
Sinais, símbolos, recordações ícones de uma vida.
Algumas surgem por passagens variadas que como
pegadas vão marcando seu território tomam acento e se acomodam registrando uma
cena vivida, momentos de desagravo, dias esplêndidos, doenças, grandes ou
pequenos acidentes, como artista vão nos moldando a cada referência da obra.
Outros agregam a estas marcas pré-estabelecidas e acentuam
cada momento tatuando ou moldando o corpo para não esquecer determinado
instante ou perpetuá-lo. Ao falar em marcas, cicatrizes, tatuagens sinais
lembro que é comum referir-se na maioria das vezes a uma representação, mas não
podemos negá-las a competência de nossas vivências individuais ou coletivas,
são mais que uma comunicação, ilustram a promessa da resistência do que passou
em cada sinal, gesto, rosto, sorriso e desgosto. Associar à personalidade
as marcas pode ser um exagero, mas não seria uma tortura mental lembrá-las e associá-las a capacidade humana
de resiliência se assim o quiser. O fato é que criamos e nos recriamos o tempo
todo. Temos a habilidade de nos manter em pé o máximo possível, mesmo sentindo
os lampejos de cada momento. Assim, estabelecemos a essência da vida e a arte
de ficar bem com todos os sinais expressos. O resultado pode ser como só um artista
impressionista saberia inscrever de modo a fazer-te sorrir ou simplesmente
desistir de entendê-los.
Penso que todas as impressões talhadas em um ser são
o contexto de sua obra física e emocional e me encanta ver cada trabalho
constituído ao longo do viver.
Karem Medeiros
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