sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Esperança

Presente, sim a vida a existência é um ato de amor profundo, uma dádiva. É tão triste pesado e frio, ver no que transformamos nossa existência, e aqui a minha referência é ao humano. Existe covardemente existe, um esforço , quase uma questão de mantê-la assim. Perdi as contas de quanto tentei entender... 
História, filosofia, leituras mil, pensamentos a incendiar, avaliações pessoais, de cunho social, regional e mundial, mas o máximo que consegui foi uma estafa,  suspiros, frustrações, uma vontade atroz de virar as costas e simples e simploriamente continuar fingindo que não estou ali, que não sou humana, e que não faço parte desse contexto.
Mas não dá, preciso ao menos ter alguma compreensão do que faz homens livres quererem o açoite( claro que este será muito bem direcionado), buscarem a métrica do umbigo, a igualdade só para pares, em que dimensão a diferença  é ameaça, naquela onde a insegurança, o ódio, o desrespeito, a incompetência e arrogância se instala. Aos poucos a capacidade de redenção se dissolve e  percebemos  um humano bem imcompleto, que esqueceu o SER, ficou só com a espécie e mesmo assim envergonhando os demais animais.  Cá comigo será que a criação nos daria outra oportunidade, ou deixaria ao acaso já que temos livre árbitrio e podemos e estamos notoriamente implodindo. É mais que triste é perverso. 
Abandonamos a coerência, a construção, a discussão, a mediação  e se tudo isso não bastasse ainda usa- se referências coletivas como tentativa de comunicação para um grupo específico. Insanidade!
O que reverbera aos quatro cantos não é mais a escolha é talvez a tentativa de buscar algo que resgate a capacidade de reconstituir o tanto que foi fragilizado, ferido, retirado... 
Reconheço sempre que algumas coisas jamais serão como antes, brotaram sentimentos e verdades que não sabíamos que estavam lá. Tínhamos a ilusão de unidade,  alegria e proteção que provavelmente  jamais existiu, emanadas de perímetros muito próximos. 
Mesmo com o coração apertado, destrossado,  recorremos ao bom senso que ainda resta e nos enchemos daquilo que parece apropriado para este momento a ESPERANÇA!

Karem Medeiros

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Eu e a Lua🌙

Semana de lua minguante, e eu me faço reserva, me acolho, recolho em mim. Reservo  mais que um dia ou uma noite para ouvir- me, aconselhar- me. E até mimar, descanso, dos tantos afazeres, eles não cansam, não acabam e brotam.
Sou um ouvido pronto, um ombro largo, saúde de ferro, mãos ágeis, pensamento livre e coração mole, geralmente sociável e pronta a servir.
Nestes dias, não, minhas mãos folheiam meus livros, meus ouvido estão dedicados a melodias, minha saúde quer aconchego, meus ombros banho morno e massagem, meus pensamentos estão presos em construções mentais bem específicas, meu coração mais quieto como a lua e a única manifestação que meu corpo quer é a do cômodo roupão largado no corpo, chinelos e da minha cuia de chimarrão que me permite sorver um amigo, amargo, que desce calorosamente medicinal. E assim passamos mais uma fase ( eu e a lua) apenas fechando o ciclo.