domingo, 3 de setembro de 2023

Tempo fechado

   Todos nos passamos por aqueles dias, fases, momentos que nem com toda a capacidade de resiliência e doses excessivas de otimismo conseguimos que o sol interior brilhe. Ele fica lá encoberto pelas nuvens dos pensamentos , incertezas, fragilidades e todo o resto que nos deixam dentro de uma tempestade interna. 
Por aqui o tempo fechou de uma forma, que o dia virou noite  rapidadamente o céu foi iluminado por uma sequência de relâmpagos, ecoaram trovoadas e a chuva desceu com vontade, instantâneamente a cidade foi se aquietando, se protegendo, fugindo do aguaceiro e de tudo que ele remete. Nessa altura já não se sabe onde começa a tempestade externa e onde termina a interna ambas estão ocupando os espaços ao mesmo tempo. 
Assustador!
Sempre é... 
Mas com alguma dificuldade vamos abrindo lentamente uma clareira para que elas se encontrem, se olhem, se espelhem, talvez se compreendam, se fortaleçam, se curem, permitindo que os raios cortem, dizimem aquilo que não faz mais sentido, e que os trovões propaguem ou calem os sons que são significativos ou não cabem mais. Que as águas lavem e desaguem esse contingente retido de tantas luas e que os ventos e seus expressivos movimentos emanem novos presságios.
Me encanta o nosso corpo e o corpo de Gaya serem organismos diferentes e  complementares, irmanados, tão misteriosos e fascinantes  entrelaçados na complexidade do existir e da vida. Não há nada mais delicado que entender esse lado da inconstância e constância do existir, nascer, viver, aprender e fluir.
Ainda não temos o céu limpo, mas agora  temos a consciência de que o vendaval foi necessário. E embora assuste e provoque certos dissabores, apenas  aqueles que sensibilizados pelos novos conhecimentos   e pela tormenta entendem que é necessário instrospectar e  permitir-se  transformar! Amanhã  se chover, certamente será uma precipitação de águas mansas, "e se" o céu abrir terá um sol tímido, isso porque sempre que há uma possibilidade de renovar temos de fazê-lo com tempo, respeito e gentileza, não há flor sem semente ou botão...
Assim também é  em um novo ciclo, precisamos de novos passos, e uma vontade imensa de ser um SER melhor do que se  foi a doze meses... 
Só penso!
Karem Medeiros